OTHER TYPES OF WORKS

  • 01-2021-capa-new-developmentalism
  • 16-2015-capa-a-teoria-economica-na-obra-de-bresser-pereira-3
  • 03-2018-capa-em-busca-de-desenvolvimento-perdido
  • 05-2009-capa-mondialisation-et-competition
  • 2014-capa-developmental-macroeconomics-new-developmentalism
  • 10-1999-capa-reforma-del-estado-para-la-ciudadania
  • 09-1993-capa-economic-reforms-in-new-democracies
  • 05-2009-capa-globalizacao-e-competicao
  • 01-2021
  • 09-1993-capa-reformas-economicas-em-democracias-novas
  • 02-2021-capa-a-construcao-politica-e-economica-do-brasil
  • 12-1982-capa-a-sociedade-estatal-e-a-tecnoburocracia
  • 05-2010-capa-globalization-and-competition
  • 04-2016-capa-macroeconomia-desenvolvimentista
  • 05-2010-capa-globalixacion-y-competencia
  • 08-1984-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1983
  • capa-novo-desenvolvimentismo-duplicada-e-sombreada
  • 13-1988-capa-lucro-acumulacao-e-crise-2a-edicao
  • 10-1998-capa-reforma-do-estado-para-a-cidadania
  • 06-2009-capa-construindo-o-estado-republicano
  • 07-2004-capa-democracy-and-public-management-reform
  • 11-1992-capa-a-crise-do-estado
  • 17-2004-capa-em-busca-do-novo
  • 15-1968-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1967
  • 2006-capa-as-revolucoes-utopicas-dos-anos-60

O cerco a Lula

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Página do Facebook, 5 de fevereiro de 2016

.


Há meses que eu ouço frases como: “Quando vão chegar no Lula?”, ou então, “Quando vão pegá-lo?”. Porque, afinal, este é o objetivo maior do establishment brasileiro: atingir o maior líder popular do Brasil desde Getúlio Vargas. Não porque ele seja desonesto, mas porque ele se manteve de esquerda, porque se manteve fiel à sua classe de origem não obstante o clássico processo de cooptação de que foi objeto. Pois bem, o establishment chegou ao Lula. Não para incriminá-lo, mas para tentar desmoralizá-lo.

As duas manchetes de primeira página dos dois principais jornais de São Paulo de hoje são significativas. Na Folha leio que “Lula é investigado por suposta venda de MPs”. Não há nada contra o ex-presidente na Operação Zelotes, a não ser a desconfiança de um delegado irresponsável. O que há nessa operação é o envolvimento de grandes empresas e de seus dirigentes em um escândalo de grandes proporções de pagamento de propinas para obterem MPs favoráveis. No Estado, por sua vez, a manchete é “Compra de sítio foi lavrada no escritório de compadre de Lula”. Neste caso – o do uso por Lula e sua família de um sítio no qual construtoras se juntaram para realizar obras sem que houvesse pagamento – o caso é mais objetivo. Lula aceitou um presente que não deveria ter aceito.

As contribuições de empresas a campanhas eleitorais (que até a decisão do Supremo eram legais) são afinal presentes. Mas é impressionante como empresas dão ou tentam dar presentes mesmo a políticos – presentes dos quais elas não esperam nada determinado em troca; fazem parte de suas relações públicas. Eu sempre me lembro de como tentaram reformar a piscina da casa do Ministro da Fazenda em Brasília quando ocupei esse cargo em 1987. Minha mulher os pôs para correr. Era o que devia ter feito Lula, que havia acabado de sair do governo. Não o fez, e isto foi um erro político. A reforma não aumentava seu patrimônio, apenas lhe proporcionava mais conforto. Ele não trocou o reforma do sítio por favores às duas construtoras. Não há nada sobre isto na investigação sobre o sítio.

O Estado brasileiro está revelando capacidade de se defender – de defender o patrimônio público – ao levar adiante as operações Lava Jato e Zelotes. Dirigentes de empresas, lobistas e políticos envolvidos estão sendo devidamente incriminados e processados. A instituição da delação premiada revelou-se um bom instrumento de moralização. Mas está havendo abusos. Houve e estão havendo abusos na divulgação de delações sem provas, houve abuso em prisões cautelares ou provisórias quando não havia razão para elas. E não é razoável o que se está fazendo com Lula. Só um clima de intolerância e de ódio pode explicar o cerco de que está sendo vítima.