Luiz Carlos Bresser-Pereira
Página do Facebook, 17.5.2015
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A ONU informa que já morreram 220 mil pessoas na Síria. Quem é o principal culpado por essa violência sem nome? Não é o governo do presidente Bashar al-Assad. Ele e antes seu pai, ambos do partido secular Baath, fazem parte da minoria alauíta (seita xiita); há 45 anos dirigem a Síria de forma autoritária (na verdade, não há condições para democracia nesse país), mas em paz, respeitando a maioria sunitas e as diversas minorias, inclusive a cristã.
Em 2011, tribos sunitas aproveitaram a Primavera Árabe (que foi um movimento popular apenas no Egito e na Tunísia) para tentar derrubar Assad. Como o governo Assad foi sempre nacionalista, rejeitando a dominação do Ocidente, as três potências imperialistas que estão em seu centro - os EUA, Reino Unido e França - apoiaram os golpistas.
Em consequência o conflito se transformou em guerra civil, abriu-se espaço para o Estado Islâmico (caracterizado pelo terrorismo mais violento), e já morreram as 220 mil pessoas.
Os defensores do Império do Ocidente dirão que a guerra civil e o Estado Islâmico foram consequências não previstas. É verdade, mas isto não retira a responsabilidade dos governos dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido pela barbaridade que está acontecendo em um país que vivia em paz.