Luiz Carlos Bresser-Pereira
Página do Facebook, 24.5.2015
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Os jornais da semana que termina hoje estiveram cheios de notícias dos bilhões de dólares que o primeiro ministro chinês, Li Keqiang, prometeu emprestar ou investir no Brasil nos próximos anos. Mas os brasileiros estão equivocados se pensam que vão voltar a crescer de maneira satisfatória graças a investimentos e empréstimos estrangeiros.
Na verdade, conforme demonstra o Novo Desenvolvimentismo, ainda que fábricas sejam construídas, esse capital acaba apenas financiando consumo, porque eles vêm para financiar déficit em conta corrente. Sendo assim, ao entrar no país eles apreciam o real, as empresas brasileiras perdem competitividade, não investem, e a "poupança externa" acaba substituindo a poupança interna e, portanto, financiando muito mais consumo do que investimento.
Se a política do governo brasileiro fosse de pequeno superávit em conta corrente (como é nos países dinâmicos do Leste Asiático), a taxa de câmbio seria mais competitiva, e os investimentos externos se somariam aos internos. Mas ninguém - nem ortodoxos nem heterodoxos populistas - querem saber de superávit em conta corrente. Dizem que déficit em conta corrente é poupança externa... Na verdade, são escravos da alta preferência pelo consumo imediato que grassa no país e impede o desenvolvimento.