OTHER TYPES OF WORKS

  • 2014-capa-developmental-macroeconomics-new-developmentalism
  • 08-1984-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1983
  • 10-1999-capa-reforma-del-estado-para-la-ciudadania
  • 06-2009-capa-construindo-o-estado-republicano
  • 01-2021-capa-new-developmentalism
  • 11-1992-capa-a-crise-do-estado
  • 09-1993-capa-reformas-economicas-em-democracias-novas
  • 05-2009-capa-globalizacao-e-competicao
  • 15-1968-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1967
  • 07-2004-capa-democracy-and-public-management-reform
  • 03-2018-capa-em-busca-de-desenvolvimento-perdido
  • 05-2010-capa-globalization-and-competition
  • 09-1993-capa-economic-reforms-in-new-democracies
  • 13-1988-capa-lucro-acumulacao-e-crise-2a-edicao
  • 05-2010-capa-globalixacion-y-competencia
  • 01-2021
  • 16-2015-capa-a-teoria-economica-na-obra-de-bresser-pereira-3
  • 10-1998-capa-reforma-do-estado-para-a-cidadania
  • 02-2021-capa-a-construcao-politica-e-economica-do-brasil
  • 2006-capa-as-revolucoes-utopicas-dos-anos-60
  • 12-1982-capa-a-sociedade-estatal-e-a-tecnoburocracia
  • 05-2009-capa-mondialisation-et-competition
  • capa-novo-desenvolvimentismo-duplicada-e-sombreada
  • 17-2004-capa-em-busca-do-novo
  • 04-2016-capa-macroeconomia-desenvolvimentista

O que é pior? O terrorismo ou a guerra?

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota na página do Facebook

.


Diante do horror representado pelo atentado terrorista em Nice, a pergunta que o Ocidente se recusa a fazer é qual é sua origem – se o terrorismo é uma reação contra a agressão que sofrem os países muçulmanos do Oriente Médio, ou se é uma mera expressão de uma irracionalidade fundamentalista de caráter religioso. A pergunta não é feita porque sua resposta já está dada. “Terrorismo é irracionalidade islâmica”.

Mas esta é a razão do Ocidente. Na verdade, o terrorismo é realizado contra os agressores ocidentais. “Mas foram mulheres e crianças as vítimas”, nos dizem. Sim, foram, mas os agredidos naturalmente não entendem o agressor em termos de pessoas; eles o entendem como sendo o Ocidente – o Império – e seus três principais países: os Estados Unidos, a França e o Reino Unido.

Não vejo um artigo da grande imprensa ocidental discutir essa questão. Mas hoje, na Folha, há uma entrevista do pai tunisiano de dois terroristas, Taher Harzi. O que ele nos diz é terrível por sua franqueza e por sua lógica: “Os americanos e os franceses foram matar muçulmanos na Síria e no Iraque, portanto, nós temos o direito de ir para o país deles. Quando ele bombardeiam a Síria e o Iraque, eles não poupam mulheres nem crianças. Fazemos o mesmo”.

A guerras recentes no Iraque, na Síria, na Líbia são apenas as últimas violências que o Ocidente pratica no Oriente Médio. Esta violência data do fim da Primeira Guerra Mundial, quando franceses e britânicos dividiram o Oriente Médio de acordo com seus interesses, e ela ganhou força quando, depois da Segunda Guerra Mundial, esses povos resolveram que têm direito à independência. Desde então os governos dos países do Oriente Médio que defendem um modesto nacionalismo econômico e procuram definir um projeto nacional de desenvolvimento são esmagados pelos três países. A reação igualmente irracional é o terrorismo.

O que o Ocidente não compreende é que pensar o mundo em termos de geopolítica – ou seja, em termos de guerras – não faz mais sentido. O colonialismo e as guerras coloniais nunca tiveram legitimidade do ponto de vista humanitário, mas até a Segunda Guerra Mundial faziam sentido para os vencedores. Desde então, não mais. A guerra colonial é um desastre humano para os vencidos, e um desastre econômico para os vencedores: seus custos acabam sendo maiores que seus benefícios. E nos últimos 20 anos, vem se transformando também em um desastre humano para os vencedores, cujos cidadãos são massacrados.

Quando a razão afinal vai prevalecer nas relações entre os povos?