Luiz Carlos Bresser-Pereira
Nota na página do Facebook
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Desde 2013 a direita liberal brasileira deu sinais de não aceitar mais ser governada por um partido de centro-esquerda, não obstante todas as concessões que lhe foram feitas, vimos algo novo e terrível surgir no Brasil: o ódio político. Não tínhamos mais adversários mas inimigos; terminava a política e começava a guerra civil. Assistimos, então, a uma campanha eleitoral lastimável, na qual essa direita foi derrotada.
O caminho que o candidato derrotado apontou no dia seguinte foi o do impeachment. Que prosperou porque (a) ao mesmo tempo se desencadeava uma grande crise econômica que pouca relação tinha com os erros de política econômica cometidos pela presidente; (b) porque a Operação Lava Jato colocava políticos corruptos e políticos honestos em perigo; e (c) porque um conjunto de políticos oportunistas liderados pelo deputado Eduardo Cunha percebeu que esse era o momento de conquistarem a presidência.
O grande acordo da direita com o oportunismo prosperou e o impeachment vai caminhando para a conclusão. Mas quase ninguém está feliz com isso, nem mesmo as elites econômicas rentistas em nome do qual esta violência contra a democracia está sendo praticada.
Hoje, a diferença entre a esquerda e a direita ou, em outras palavras, entre os liberais autoritários e os democratas é que estes estão perplexos e indignados, enquanto que a direita liberal, apenas perplexa.
Meu amigo e notável defensor dos direitos humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, é um desses homens indignados. E publicou no The Guardian um artigo notável que reproduzo neste meu website. (Rio Olympics and surreal crisis)