Luiz Carlos Bresser-Pereira
Nota no Facebook, 19.1.17
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Anteontem, em Davos, a fala do presidente da China, Xi Jinping, e de um representante dos Estados Unidos – o primeiro fortemente a favor da globalização, o segundo, preocupado com ela – apenas confirmaram algo que já sabíamos há tempo. A China foi a grande beneficiada bela globalização.
Desde 1980 o termo, “globalização” vem sendo dado ao capitalismo neoliberal, que é dominante em todo o mundo – um capitalismo que, nos países ricos, resulta da soma dos interesses dos rentistas, financistas e altos executivos das grandes empresas. Ela foi lançada pelos Estados Unidos, a partir do pressuposto de que esse país e os demais países ricos seriam os grandes beneficiados, porque implicariam a abertura dos mercados internos dos países em desenvolvimento para suas exportações de bens e serviços mais sofisticados e para suas empresas multinacionais. Na verdade, só o segundo ganho se materializou para os países ricos, cujas corporações se espalharam por todo o mundo. Já o grande vencedor em relação ao comércio internacional foram a China e os demais países do Leste da Ásia, que combinaram mão-de-obra barata com educação e taxa de câmbio flutuante mas administrada. Os grandes perdedores foram os países da América Latina, cujos mercados internos foram ocupados pelas empresas multinacionais dos países ricos e pelos bens manufaturados do Leste da Ásia, e ficaram semi-estagnados desde que, em torno de 1990, abandonaram sua ideia de nação e voltaram a ser países dependentes, semicoloniais.