OTHER TYPES OF WORKS

  • capa-novo-desenvolvimentismo-duplicada-e-sombreada
  • 08-1984-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1983
  • 07-2004-capa-democracy-and-public-management-reform
  • 16-2015-capa-a-teoria-economica-na-obra-de-bresser-pereira-3
  • 05-2010-capa-globalixacion-y-competencia
  • 03-2018-capa-em-busca-de-desenvolvimento-perdido
  • 13-1988-capa-lucro-acumulacao-e-crise-2a-edicao
  • 10-1998-capa-reforma-do-estado-para-a-cidadania
  • 05-2009-capa-mondialisation-et-competition
  • 01-2021-capa-new-developmentalism
  • 10-1999-capa-reforma-del-estado-para-la-ciudadania
  • 05-2010-capa-globalization-and-competition
  • 09-1993-capa-economic-reforms-in-new-democracies
  • 2014-capa-developmental-macroeconomics-new-developmentalism
  • 01-2021
  • 04-2016-capa-macroeconomia-desenvolvimentista
  • 17-2004-capa-em-busca-do-novo
  • 05-2009-capa-globalizacao-e-competicao
  • 12-1982-capa-a-sociedade-estatal-e-a-tecnoburocracia
  • 02-2021-capa-a-construcao-politica-e-economica-do-brasil
  • 11-1992-capa-a-crise-do-estado
  • 2006-capa-as-revolucoes-utopicas-dos-anos-60
  • 09-1993-capa-reformas-economicas-em-democracias-novas
  • 15-1968-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1967
  • 06-2009-capa-construindo-o-estado-republicano

Imperialismo não mais do Ocidente, mas dos Estados Unidos

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 21.1.2017

.


Donald Trump ignora os interesses comuns dos países ricos – mão-de-obra cara, investimentos elevados nos países em desenvolvimento através de empresas multinacionais, liberalismo econômico como ideologia, projeto de impor a todos os países a lógica da democracia liberal independentemente de seu grau de desenvolvimento econômico.



Desde quando a Inglaterra completou sua revolução industrial e, em seguida, derrotou a França em 1815, começou a se formar o imperialismo moderno, o Ocidente, sob a liderança do primeiro país, e sócios menores, a França, a Bélgica, a Holanda, e, já no final do século XIX, os Estados Unidos, a Alemanha e a Itália. Enquanto o Ocidente reduzia à condição de colônia os povos da Ásia e da África, ajudou os países latino-americanos a se liberarem de Espanha e Portugal para que se tornassem seus tributários a partir de sua hegemonia ideológica. A Segunda Guerra Mundial representou a superação do sistema colonial transformando-se as antigas colônias em estados-nação, a transferência da liderança do Ocidente para os Estados Unidos, e o advento da hegemonia ideológica – o imperialismo via persuasão das elites dos países em desenvolvimento que os interesses do Ocidente coincidem com o dos povos dominados.



Em todo esse processo histórico, o Ocidente se definiu pela associação dos países ricos, fosse ele exercido pela força direta ou pela hegemonia ideológica, e seu objetivo foi sempre o mesmo: ocupar os mercados internos dos demais países sem a devida reciprocidade.



A campanha e agora o discurso de posse do presidente eleitos, Donald Trump, sugerem que esse quadro mudará de forma importante. Os Estados Unidos continuam determinados a dominar o mundo de acordo com seus interesses, mas não está mais disposto a se associar aos demais países ricos nessa tarefa. O presidente americano ignora os interesses comuns que esses países têm – mão-de-obra cara, investimentos elevados nos países em desenvolvimento através de empresas multinacionais, o liberalismo econômico como ideologia, o projeto de impor a todos os países a lógica da democracia liberal independentemente de seu grau de desenvolvimento econômico. E entende que os demais países ricos estão explorando os Estados Unidos ao não arcarem com os custos da defesa do Ocidente. Como também estariam os países em desenvolvimento, a começar pela China, que exportam para os Estados Unidos bens manufaturados, e, assim, roubam os empregos dos trabalhadores americanos.



Não sei o que resultará de tudo isso. O nacionalismo econômico foi sempre uma ideologia adotada pelos países ricos, mas em combinação com o liberalismo econômico. O imperialismo por hegemonia dos Estados Unidos esteve sempre baseado na combinação dessas duas ideologias relativamente contraditórias. Agora parece que ficaremos apenas com o nacionalismo. Um nacionalismo populista e imperialista. E não mais um imperialismo do Ocidente, mas dos Estados Unidos.



Terão os Estados Unidos capacidade para exercer esse papel? Terá Trump poder para realizar esse plano alucinado? Minha resposta é “não” para as duas perguntas. O que significa que teremos tempos turbulentos pela frente.