Luiz Carlos Bresser-Pereira
Nota no Facebook, 5.6.2017.
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O impeachment de Dilma foi “justificado” formalmente por irregularidades menores (as pedaladas), e, informalmente, pelos protestos nas ruas, comandados por organizações de direita, contra a corrupção na qual se envolvera o PT (não ela). O impeachment foi pedido por Aécio Neves no dia seguinte à derrota eleitoral, e agora pesam sobre ele acusações muito mais graves. O golpe patrocinado por políticos oportunistas do PMDB só se consumou graças ao apoio liberalismo financeiro-rentista representado politicamente pelo o PSDB, não obstante o PT não tenha realmente ameaçado sua hegemonia, que data da eleição de Collor em 1990.
Agora está claro que Temer está também profundamente envolvido na corrupção. Seu elogio a Rodrigo Rocha Loures Filho, dizendo que ele é uma boa pessoa e não delatará, é uma confissão. Hoje começa seu julgamento pelo TSE. A questão é saber se a chapa Dilma-Temer se beneficiou de dinheiro sujo. Não há dúvida que isto ocorreu. Não resta aos juízes do TSE alternativa senão julgar ilegal sua eleição e a de Dilma.
Cassado ou não Temer, o Brasil, cujo PIB per capita caiu 11% desde o início da recessão, continuará em crise econômica, política e moral, sob o comando de empresários corruptores, como os da Odebrecht e da JBS, e de políticos corruptos como Aécio e Temer, e com o apoio da coalizão de classes liberal, financeiro-rentista, que domina o Brasil desde 1990. Uma tristeza.