Luiz Carlos Bresser-Pereira
Nota no Facebook, 18.12.2017
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Essa é a pergunta que todos fazem.
Seus adversários respondem que será o caos político e o desastre fiscal. Mas não foi isso que aconteceu no seu governo. Seus oito anos transcorreram em perfeita paz, e ele revelou sempre responsabilidade fiscal. Quando expandiu a despesa e o crédito em 2009, fez como todos os demais países atingidos pela Crise Financeira Global de 2008.
Eles também opõem Lula a Bolsonaro, um candidato de extrema direita. Ora, a última coisa que se pode dizer de Lula é que é um extremista. Manteve-se fiel a suas origens e à centro-esquerda, mas respeitou a propriedade e os cotratos. Fez uma reforma fundamental da previdência pública. Seu erro econômico – deixar que o real se apreciasse muito – foi cometido em conjunto com o sr. Henrique Meirelles, um defensor da ortodoxia liberal.
Hoje saiu no Valor um artigo de Claudio Gonçalves Couto no qual ele critica essa polarização, que ele chama, adequadamente, de “assimétrica”. Mas essa é uma estratégia da retórica neoliberal: da mesma forma confunde a centro-esquerda com a extrema-esquerda, identifica o desenvolvimentismo com o estatismo.
Já os defensores de Lula, temem que o Judiciário acabe por lhe tirar o direito de participar das eleições presidenciais de 2018. De fato, isso pode acontecer se o Supremo Tribunal Federal, que certamente terá que resolver o problema em última instância, se subordinar à Justiça de Curitiba ou à operação Lava Jato.
Mas eu não creio que isto aconteça, não apenas porque o processo contra Lula não tem a menor base jurídica. Também porque essa operação vem perdendo legitimidade e poder. Ela começou com o apoio dos brasileiros que viram com entusiasmo sua luta contra a corrupção, que envolveu a condenação e a prisão de grandes empresários, políticos e lobistas.
Mas, aos poucos, foi ficando claro o arbítrio de muitos de seus atos. Principalmente as conduções coercitivas para depor e as prisões preventivas que nada tinham de preventivas: eram apenas uma chantagem para levar a vítima a fazer delação. Ora, é fundamental lutar contra a corrupção, mas não através do desrespeito aos direitos civis ou às liberdades, que são os direitos humanos fundamentais. Uma justiça que usa da injustiça para fazer valer sua vontade não é justa, é arbitrária; não é democrática, é autoritária.
Todos devemos, portanto, lutar em defesa da participação de Lula nas próximas eleições. Nós queremos ver a luta política democrática de volta, a luta entre adversários que se respeitam, não a guerra entre inimigos. Se Lula for eleito, não resolverá todos os problemas do país. Até agora, por exemplo, não compreendeu que uma política macroeconômica responsável no plano cambial é mais importante do que uma política industrial. E esta compreensão é uma condição para que um presidente logre fazer o Brasil retornar ao desenvolvimento econômico, ao invés de ficar para trás, como vem acontecendo há muito. Mas Lula agirá com prudência e moderação, terá a conciliação como um objetivo para que possa governar, e nós sabemos como é grande sua capacidade de liderança.