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Um grande jornal em tempos difíceis

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 22.10.2018

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Um grande jornal em tempos difíceis

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 22 de outubro de 2018

É nos momentos de crise como aquele em que nós vivemos hoje que a Folha mostra o grande jornal que é. Conforme disse Rogério Cerqueira Leite na edição de hoje, o Brasil está ameaçado pela barbárie, e a Folha sabe disso. Seguiu sua norma de não tomar partido nas eleições, mas deixou seus jornalistas e colunistas livres para informar e fazer sua crítica. Embora critique o PT e os demais partidos políticos envolvidos na operação Lava Jato, rejeitou o ódio que ameaça a democracia brasileira, e vem dando uma cobertura exemplar às eleições.



O furo de Patrícia Campos Melo mostrando como a campanha de Bolsonaro estava usando fraudulentamente empresas para enviar, via WhatsApp, milhões de mensagens falsas contra o PT poderá levar à impugnação da candidatura ou do mandato (depende de quando a Justiça decidir) de Bolsonaro. O follow-up que o jornal está fazendo é grande jornalismo. Os artigos de Jânio de Freitas, Clóvis Rossi, Roberto Dias, Elio Gapari, Antonio Prata, Cristóvão Tezza, Tati Bernardes e dos intelectuais que publicam na página três e na Ilustríssima são um respiro em meio ao sufoco do pensamento único dos homens de bem.

Hoje pela manhã leio na Folha a entrevista do ministro Celso Mello – um verdadeiro liberal – que, diante da ameaça do filho do candidato de fechar o STF sem precisar nada mais que “um cabo e um soldado”. A Folha afirma no título “A fala de Eduardo Bolsonaro é golpista” e, no texto o entrevistado exclama: “Votações expressivas do eleitorado não legitimam investidas contra a ordem político-jurídica fundada no texto da Constituição!”



Até o próximo domingo talvez os eleitores brasileiros caiam em si e desistam de eleger Jair Bolsonaro. Mas, mesmo que isto não aconteça, nada impedirá o Judiciário de cassar seu mandato em função da comprovação da fraude representada pelas fake news e pelo uso de empresas para distribuí-las em massa. As duas coisas ferem a letra da lei e da Constituição.