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A esquerda e o governo Maduro

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 15.1.2019

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Mathias Alencastro escreveu na Folha (11.1) artigo oportuno criticando a posição do PT de apoio ao governo Maduro. Para ele, “ao aterrissar em Caracas, Gleisi Hoffmann realiza a fantasia daqueles que buscam por todas as formas etiquetar o PT como antidemocrático”. Essa atitude da esquerda brasileira é tão irracional quanto é irracional a dos liberais de apoiar a oposição venezuelana, que é ainda mais antidemocrática do que o governo, e seu aliado, o governo americano, que no caso age de forma imperialista?

Hoje a mesma Folha publicou artigo de Breno Altman defendendo o PT, que, ao se solidarizar com o governo venezuelano, está reafirmando sua posição contra o imperialismo. E critica Alencastro que lamenta que o PT não se associa às socialdemocracias europeias. De fato, não há razão para os social-democratas brasileiros se somarem às socialdemocracias europeias nessa questão. Elas agem de maneira tão imperialista quanto os Estados Unidos em relação ao mundo em desenvolvimento.

Não faz sentido o PT atestar que o governo Maduro é democrático, porque obviamente não é. Mas faz ainda menos sentido os Estados Unidos agirem para derrubar seu governo com o apoio das socialdemocracias europeias e da direita aqui e lá fora. Isto é mero imperialismo que o PT está certo em criticar. Se não fosse, o Ocidente deveria também estar agindo para derrubar os governos da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes, do Egito, de Singapura, de Myanmar...

Além disso, a esquerda brasileira não pode ficar silenciosa diante da incompetência que o governo venezuelano revelou. Quando o preço do petróleo estava alto, agiu como a cigarra e gastou; quando esse preço caiu, estava sem recursos para fazer frente à crise e ficou paralisado. O resultado foi a hiperinflação, o desemprego e a fome. Como pode a esquerda brasileira se solidarizar com um governo tão incompetente?