Luiz Carlos Bresser-Pereira
Página do Facebook, 24.12.2015
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Diante do fracasso econômico dos oito anos de governo Fernando Henrique, a esquerda criticou o "tripé macroeconômico" que produziu crise financeira e baixo crescimento. Agora, diante de igual fracasso dos governos Lula e Dilma em retomar o crescimento os representantes da direita liberal, que até 2012 estavam calados, entraram em euforia e, além de atacar os gastos sociais, criticaram a "nova matriz macroeconômica". Qual a diferença entre o tripé e a matriz?
Primeiro, o tripé: o superávit primário é a responsabilidade fiscal, o que é bom; mas o câmbio flutuante é irresponsabilidade ou o populismo cambial (aceitar gostosamente déficits em conta corrente) e a meta de inflação são juros elevados para atender os rentistas.
Segundo, a nova matriz: significa ter uma taxa de lucro satisfatória, uma taxa de juros civilizada, e uma taxa de câmbio competitivo, que, se forem combinadas com ajuste fiscal, é a receita de todos os países que se desenvolveram com estabilidade. Por que a nova matriz não deu certo? Foi menos por irresponsabilidade fiscal e mais porque a depreciação de 2012 não foi suficiente para tornar as empresas competitivas e, assim, garantir-lhes taxas de lucro satisfatórias. Em outras palavras, enquanto o tripé neoliberal é inerentemente incapaz de tornar os preços macroeconômicos certos porque quer deixá-los por conta do mercado, a nova matriz novo-desenvolvimentista pode teoricamente ser bem sucedida, mas para isso é necessário um conhecimento e um poder que o governo atual não teve.
A esperança, agora, está em meu amigo, Nelson Barbosa. É um desenvolvimentista competente e experiente. Saiu do governo há três anos porque não concordava. Seus poderes são limitados, e as dificuldades são muito grandes. Mas é importante que a sociedade brasileira dê o apoio que necessita para recolocar as contas públicas sob controle, e, em seguida, garantir que a taxa de câmbio flutue em torno do equilíbrio competitivo de R$ 3,80 por dólar.