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Interpretações do Brasil

Luiz Carlos Bresser-Pereira e José Marcio Rego

Departamento de Economia - Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas

Curso de Graduação em Administração de Empresas (2o. semestre 2001)I. OBJETIVO DO CURSO



O objetivo do curso é discutir, no plano da economia política, as principais teorias ou interpretações sobre o desenvolvimento e do subdesenvolvimento brasileiros. Algumas interpretações, principalmente as mais recentes, são explícitas. Na maioria dos casos, porém, o autor não está diretamente explicando o subdesenvolvimento ou fazendo propostas sobre como deve o país se desenvolver, mas as idéias estão implícitas em seu pensamento.

Adotaremos dois pressupostos: primeiro, que o desenvolvimento econômico é um objetivo político central de cada país, ao lado da liberdade, da igualdade; e, segundo, que as idéias importam no processo de desenvolvimento: idéias alienadas e equivocadas levarão a políticas públicas incompetentes e a taxas de crescimento da renda por habitante menores no longo prazo.

Desenvolvimento econômico é o processo sustentado de crescimento da renda por habitante através da acumulação de capital com incorporação de progresso técnico. No sentido moderno do termo começa a ocorrer com o capitalismo, primeiro o mercantil, e depois, o industrial. É a partir do primeiro que temos a sistemática reutilização do excedente na própria atividade comercial e produtiva, e a partir do segundo que o reinvestimento ou a acumulação de capital com incorporação de progresso técnico se tornam necessários, ou seja, uma condição da própria sobrevivência da empresa.

O subdesenvolvimento brasileiro define-se no período colonial (séculos dezesseis a dezoito), consolida-se no século dezenove, e não é superado no século vinte. Embora a teoria econômica previsse que os países em desenvolvimento convergiriam gradualmente para os niveis de desenvolvimento dos países ricos, isto não vem ocorendo na maioria dos casos, inclusive do Brasil. Por que? Vamos tentar dar respostas a esta pergunta examinando as interpretações do Brasil através da história.



II. PROGRAMA



1. As Interpretações do Brasil (e os Dados sobre o Desenvolvimento)



Bresser-Pereira, Luiz Carlos (1997) “Interpretações sobre o Brasil”. In Maria Rita Loureiro, org. (1997) 50 anos de Ciência Econômica no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Vozes: 17-69. (Este artigo oferece uma visão geral do curso).



Leitura complementar



Costa e Silva, Alberto (2000) “Quem Fomos Nós no Século XX: As Grandes Interpretações do Brasil”. In Carlos Guilherme Mota, org. (2000) Viagem Incompleta: A Experiência Brasileira. São Paulo: Editora Senac: 17-41.



Rands de Barros, Alexandre (1996) “Historical Sources of Brazilian Underdevelopment”. Revista de Economia Política, 16(2), abril 1996. (Este artigo é importante pelos dados que apresenta do desenvolvimento do país desde o início do século XIX).



Bresser-Pereira, Luiz Carlos (1982) "Seis Interpretações sobre o Brasil". Dados 25(3), sem mês, 1982. Republicado em Pactos Políticos (1985).



Reis, José Carlos (1999) Identidades do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas.



2. A Interpretação Desenvolvimento Colonial e Miscigenação, de Gilberto Freyre



Freyre, Gilberto (1933) Casa Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Editora Record. Primeira edição, 1933. Capítulo 1: "Características Gerais da Colonização …": 4-87.



Bresser-Pereira, Luiz Carlos (2000) “Relendo Casa-Grande e Senzala”. São Paulo, janeiro 2000, cópia, (6pp.)



3. A Interpretação Café-Indústria, de Buarque de Holanda



Buarque de Holanda, Sérgio (1936-67) Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1987 (1a. edição, 1936; 5a. edição – texto definitivo, 1967) Capítulo 5 ("O Homem Cordial":): 101-112.



Bresser-Pereira, Luiz Carlos (2000) “Relendo Raízes do Brasil”. São Paulo, janeiro 2000. Cópia. (11pp).



4. A Interpretação da Vocação Agrária, de Eugênio Gudin



Bielschowsky, Roberto (1988) Pensamento Econômico Brasileiro. Rio